quarta-feira, 10 de abril de 2019

Eu acredito em morte antes da vida.

As costas pesaram, o ar estagnou, percebi tudo rodando e girando, em eixos aleatórias. Eu nunca era o centro daquela náusea, daquele nojo. Os tentáculos de um polvo negro subiam minha garganta.
Se pudesse vomitaria minha vida. Lançaria fora de mim essa gosma indigesta da alma e junto com ela todas as lembranças, sonhos e aprendizados. Escovaria os dentes para tirar o sabor ruim de estar vivo, de sentir. Um bom enxaguante finalizaria, deixando tudo asséptico .
Depois olhando no espelho já não seria eu, mas uma entidade mecânica. Altamente funcional por sinal. No vazio do pensamento realiza as tarefas e obrigações, pega ônibus, lê textos maçantes. Nada abala seu sono sem sonhos e sua constância metálica.Pelo fato de não ter alma seria apto e destemido. Realizaria tudo com sucesso e morreria indiferente. Mas na verdade a vida perniciosa atravessou meu estomago e se alojou dentro de meus ossos, apodrecendo. Não me permite viver nem morrer, mas sim uma eterna decomposição.

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