Na sala o pai lê um jornal
Na cozinha a mãe lava a louça
E se alguém estivesse atento ouviria o som das ondas:
No quarto do filho há um portal para o mar.
E a porta se fecha mais vezes do que se abre
É impossível entrar ali
E mesmo na limpeza semanal que a mãe realiza
Ela mal sabe que só toca a superfície.
O filho aparece molhado, escapou de um vendaval
O pai grita diante da televisão com força
Na porta do quarto um trovão estronda:
A tempestade não ameaça de acabar.
Faíscas da luta de sabres
Entre o filho e o direito de sorrir
É uma alegoria que se profetiza
Na solidão do lençol em planície.
Um dia o pai e mãe se estranham
Cuidadosamente adentram o recinto
E curiosos começam a perguntar
De onde vêm o som de passos que se distanciam?
De onde vêm o perfume de jacintos?
E, finalmente, quem morava nesse lugar?
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