segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Água de rosas


Quisemos construir uma família
Mas os restos dos abortos repousam em potes
Escondidos onde não pudêssemos sofrer
E muito menos nos livrar.


Plantamos flores no jardim
Revolvendo a terra encontramos ossos e dentes
E era como nosso próprio interior
Sendo revelado diante de olhos incautos.


Desenhei meu rosto com a navalha
E entregamo-nos como se entrega a vida a morte.
Quis em vão algo que não podia ser
E ver no espelho alguém capaz de amar.


Tua fúria desperta: nas ondas do oceano de carmim,
Novamente eu , como um garoto ingênuo que sai lançando sementes.
As mãos  frias que tateiam na face o terror
Lágrimas da vaidade de nossos atos.

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