quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Catito

Catito

Catito era um gato
Desde o dia que nasceu
Tinha olhos esverdeados
Não gostava de usar sapato
O pêlo era da cor do nublado céu
Que contemplava em cima do telhado.

Era fã do Bob Dylan
-Mas gato não ouve música!
Catito odiava que o limitassem
Não sabia assinar rubrica
Não entendia de malandragem.

Passava o dia se escondendo
Atrás do sofá e nas gavetas
Embaixo da cama
Acaba se espremendo
Com as roupas nas maletas
Como um espião de cinema.

A caixa de sapatos
De pequena não lhe cabia
A da antena,muito grande
Mas virou sua casa de fato
Uma caixa da livraria
Do lado da estante.

Um par de meias virou travesseiro
E um jornal,cama e carpete
Pendurou retratos na parede
Para olhar o dia inteiro
Enquanto tomava sorvete.

De tanto ouvir a rádio
Aprendeu a miar em polonês
-Miau!Miau!Miau!
E achava engraçado
Que da cidade ou camponês
Os gatos miassem igual.

As vezes Catito ficava calado
Em sua casa na Rua da Estante
Tinha tanto pra pensar
Que seus olhos esverdeados
Como chama flamejante
Aguavam a cintilar.

Da caixa não saía
Só se fosse arrastado
Arranhando o deliquente
Que pulando ia
Enquanto o gato descarado
Ria mostrando os dentes.

Certo dia começou a chover
E Catito saiu no jardim
Molhado de alma inteira
Correu pra se esconder
Entre os ramos de alecrim
Debaixo da goiabeira.

Os sapos que pulavam 
Ao ritmo dos trovões
E dos passarinhos a piar
As pernas do gatinho dançaram
Que se misturou aos foliões
Sem medo de se molhar.

Catito perdeu seus medos
E agora nos muros à noite
Faz um espetáculo de arrasar
Alma de gato tem seus segredos
Mas nada que assuste
Tem seu próprio meio de amar.

Escrito em 07 de 2016, só postei agora. Muitos dos poemas recém postados foram escritos há alguns meses ou até anos. Até mais ^^

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