sexta-feira, 27 de julho de 2018

Agário das moscas


O que diziam sobre como os demônios vieram para a nova terra:
"Fincaram as garras nos cascos dos navios."
Mas há quem diga que vieram no coração das pessoas.

E na floresta nova de pinheiros
Falaram de ruídos na alta noite
Quando a lua nova tornava a escuridão palpável.

Mas chegando em casa sinto teus beijos traiçoeiros
Que batem em meu coração como açoites
Minha amada, meu sonho inimaginável.

Certo dia preparo a espingarda
Te vejo serena dormindo 
Ponho o chapéu e vou caçar.

Uma lebre traiçoeira parte em disparada
Sigo devagar, temo que ela esteja ouvindo
Mas caminho muito, tenho a relva a me acusar.

Barulho de crepitar e sons de risos
Já esquecendo da caçada sigo o rastro
A luz avermelhada de uma fogueira ofusca a visão.

Mas distingo numa grande pedra sementes e esqueletos de ouriços
Cogumelos e raízes fervem num vaso de alabastro
Três mulheres nuas se tocam em confusão.

Com muita surpresa distingo minha vizinha
E com uma coroa de flores de figueira
Vejo o rosto de minha amada.

''Já não estamos sozinhas''
Elas correm rindo e ligeiras
E corro para casa com a alma cortada.

Abro de súbito a porta
Mas ela ainda está ali dormindo!
Percebo a terra e as folhas, ela se levanta com um bocejo

''Eu te amo e nada disso importa''
Diz ela enquanto me abraça se despindo
E me faz esquecer de tudo com um beijo.

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